Margarete Ugioni – Que exemplo!

Temos o costume de achar – eu particularmente – que devemos ser exemplos para nossas crianças, e que nossas ações são geralmente repetidas e/ou copiadas pelas crianças e por isso temos um compromisso muito grande, uma grande responsabilidade.

É normal crianças e adolescentes terem líderes, pessoas que gostam de imitar e seguir seus conselhos e, que maravilha, quando são os pais, avós, irmãos, tios e babás, pessoas próximas a elas.

Estávamos, num domingo, preparando o almoço e como na maioria das casas, os adultos bebericando alguma coisa; os homens bebendo cerveja e algumas mulheres refrigerantes.

Daqui a pouco meu neto Miguel, de três anos de idade, chama pela sua mãe e, já com o copo na mão, pede um pouco de suco. A Michele diz a ele que só pode tomar suco depois do almoço, depois de comer tudo que estiver no prato. Ele olha pra ela, e bem sério, diz:

– Porque as crianças pequenas só podem tomar suco depois de comer?

Olhamos uma pra outra e ficamos sem ação, eu fiquei envergonhada. Tivemos que ceder e dar um pouco de suco, como ele queria, antes do almoço, pelo menos um pouquinho para aliviarmos nossa culpa e sua vontade de beber.

Para mim foi uma lição, com certeza o Miguel percebeu que os “grandes” estavam bebendo e porque ele, criança “pequena” não podia beber nada?

Fiquei refletindo naquele domingo a inteligência e capacidade de percepção das crianças e como podem “puxar nossa orelha” quando cometemos uma injustiça com elas. Que exemplo é esse quando bebemos num momento em que para eles é proibido? Que lei é essa que vale somente para as crianças? Que injustiça, deve estar passando na sua cabecinha de menino pequeno.

Como diz o velho ditado “faz o que eu mando, mas não faz o que eu faço”, nos dias de hoje está complicado manter esse ditado, pois nossas crianças estão muito “sabidas” para nosso tempo de avós e até para os pais mais jovens como é o caso do Miguel.

Maria Margarete Olimpio Ugioni