Enquanto aumenta a procura dos turistas, cresce a consciência do povo de Nova Veneza
O Museu do Imigrante de Nova Veneza, localizado ao lado da Igreja São Marcos, carrega muito da histórica do município e traz à tona várias questões sobre a vida das primeiras pessoas que chegaram à Colônia. Mesmo diante da evidente importância, para muitos moradores o local ainda é um ambiente desconhecido, mais do que para os turistas, que se encantam com as peças expostas.
Sob a administração pública, o museu tem os cuidados da historiadora Suelen Mazzucco, que recebe os visitantes com todas as explicações necessárias. Ela conta que aproximadamente 300 pessoas por mês visitam esta história neoveneziana, sendo que a grande maioria é de moradores de outras cidades. No mês de junho, durante a festa da gastronomia, o número aumenta consideravelmente.
Mesmo que a maior procura venha de fora, Suelen destaca que a população de Nova Veneza está cada vez mais consciente sobre a importância do museu, principalmente pelo trabalho realizado com os mais jovens. “Muitas escolas estão agendando visitas e é muito interessante a reação das crianças. A primeira pergunta que faço a elas é sobre a importância do museu e elas acabam refletindo sobre isso. É preciso entender que esta história está bem próxima de nós, faz parte da nossa identidade”, explica a historiadora, comentando que os próprios professores acabam despertando tal reflexão durante as visitas.
O ambiente gradativamente foi ganhando em organização e riqueza de materiais. Hoje o acervo conta com uma grande variedade de peças, incluindo diversos segmentos. Mesmo assim, a responsável ressalta que necessidades ainda existem, mas elas acabam esbarrando nas questões burocráticas. “Ainda precisamos de um espaço maior e, principalmente, proteção para as peças. A maioria fica exposta ao ambiente, à poeira, temperatura. Além disso, algumas coisas já foram roubadas”, afirma.
A riqueza deixada pelos imigrantes
Muitos materiais que fizeram parte da vida dos primeiros imigrantes, no início do século XX, estão à disposição no museu. As ferramentas utilizadas na lavoura, por exemplo, contemplam grande parte do acervo. Um quarto fica montado como antigamente. O goniômetro, utilizado por Natal Coral para demarcar terras no início da Colônia. Máquinas fotográficas, de escrever, de costura, além de aparelhos de rádio. A bíblia em latim do padre Miguel Giacca. E a genial arte de Ângelo Moro, que esculpia com canivetes e elaborava belas imagens religiosas.
Mas de acordo com Suelen, o que mais chama a atenção dos visitantes é o antigo poço de água, com nove metros de profundidade. “Curiosamente, ele foi construído dentro de casa mesmo. Ele ainda tem água e as pessoas ficam encantadas quando chegam aqui”, conclui.