Nicola Gava: Casamento judaico em Nova Veneza

Você pode nunca ter ido a um casamento judaico, mas com certeza já ouviu falar de algumas tradições que acontecem durante a cerimônia. Todas elas possuem uma simbologia especial. Os rituais são emocionantes, considerados verdadeiras metáforas que fazem alusão ao Antigo Testamento da Bíblia. E não precisa ser judeu para aderir a uma ou outra tradição da celebração judaica. Desde que os noivos entendam o significado de cada costume e, se o ritual fizer realmente sentido para eles como casal, por que não?

No domingo passado ao meio dia participei do casamento Judaico dos simpaticíssimos  noivos Weliton Benvenutti e Saray Espindola no parque do restaurante Mastella. O ritual aconteceu na parte externa do Mastella em meio as arvores. Além do excelente local, o dia estava com um céu de brigadeiro, a paisagem e o ritual judaico me fez conhecer uma cultura diferenciada da nossa.

No dia do casamento judaico para os noivos é como um Yom Kipur pessoal. É passado em jejum, oração, atos de bondade (tsedacá) e reflexão espiritual. A tradição nos diz que neste dia Deus perdoa completamente ambos pelas transgressões cometidas em suas vidas, para que possam começar suas vidas de casados em um estado totalmente puro. Interessante, que é a noiva é quem espera o noivo na cerimônia. Depois que o Shaliach (Rabin/Pastor) inicia o ritual, a noiva da sete voltas ao redor do noivo. Isso faz referência aos sete dias da criação do mundo. Quando o ritual termina, ela se posiciona ao lado direito do futuro marido, em sinal que sempre estará ao seu lado para o que der e vier.

Durante a cerimônia os noivos bebem vinho (moderado).  O vinho é uma simbologia de liberdade, alegria e redenção mencionadas na Torá (livro que contém o Pentateuco, que é composto pelos cinco primeiros livros da Bíblia. Entre os judeus é chamado de “Torá”, uma palavra da língua hebraica que significa ensinamento, instrução, ou especialmente Lei). O vinho dentro do casamento significa regeneração, perdão e restauração da família, caso algo desagradável venha atingi-la. Ele representa o amor e o perdão de Deus através do sacrifício de Cristo dentro do casamento.

Esse é o ponto clímax da celebração judaica. A troca de alianças é um ato de santificação. A partir do momento que o noivo coloca o anel no dedo da noiva, eles já são considerados casados. E mais: a aliança deve ser colocada na mão mais forte da noiva – seja ela canhota ou destra. No judaísmo, o anel representa poder, autoridade e proteção. A aliança representa um círculo incondicional, perfeito e inquebrável.  O noivo diz: “Com este anel, tu és consagrada a mim conforme a lei de Moisés e Israel”. A partir desse momento, tudo será compartilhado: a vida, a casa, os bens, os sonhos, os pensamentos, tudo. No fim da cerimônia, silêncio total. O noivo quebra com o pé direito um copo para lembrar a destruição do Templo em Jerusalém. O vidro representa a reconstrução e o ritual simboliza que o homem é mortal.

Os convidados gritam “Mazel Tov”, que significa “boa sorte” em hebraico na hora da saída dos noivos.  Segundo à organização judaica Chabad, “o casamento será fortalecido a cada dia através do entendimento entre ambos, dos limites do outro, companheirismo, amizade, carinho, amor, respeito e cumprimento das leis de pureza familiar. Estes são os verdadeiros valores que consagram um casamento judaico”.

Outra coisa interessante do casamento Judaico é que cada convidado paga suas despesas, ou seja, bebida e refeição. Participei do início ao fim deste casamento. O Shaliach Marcos Passos De Souza muito competente, pois, transmitia o amor e a união de forma generosa e convincente.  Obrigado aos noivos e familiares pela gentileza do convite. Mazel Tov…!!!

casamento-judaico

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5 Comentários

  1. Bauco Ma No Tanto Sem problemas amigo, são apenas pequenos detalhes hehehe… Mas falando sobre a reportagem: SIMPLESMENTE SENSACIONAL! De verdade, ficou maravilhosa! Texto muito bem elaborado e detalhado, as fotos ficaram lindas, a galera de nossa Congregação amou demais o Artigo. Nos falta palavras para agradecer o interesse pela nossa cultura e por compartilhar tudo isto. Pois o povo judeu tem uma relação muito forte com o povo italiano assim como tem com os alemães e portugueses (historicamente falando). Só temos a agradecer a vocês.

    Ps: gostaria de aproveitar este espaço para dizer que dentro de mim habita um respeito muito grande pelo povo neo veneziano. Motivo: são meus conterrâneos. Morei 10 anos no Caravaggio. Estudei e me formei no Humberto Hermes Hoffmann (Professora Iva Gava foi minha melhor professora de Português e Inglês). Estudei 1 ano no Seminário Diocesano na minha adolescência (ajudei a construir). Meu tio Adilson Felisberto foi dono da lanchonete e retaurante La Montanara do centro de Caravaggio durante anos (hoje Rest. do Fera). Sou descendente de italianos por parte materna, família Viola e Guidarini são meus parentes. Minha mãe trabalha como professora infantil em Nova Veneza. Enfim, tenho muitas saudades de vários amigos que ainda moram ali. Sempre dou um jeito de dar uma passeada em Nova Veneza para matar essa saudade.

    Que o Deus de Israel esteja abençoando esta terra em Nome de Yeshua Ha Mashiach ( Jesus o Messias) e que conceda graça, prosperidade e Shalom – Paz sobre esse povo sério, trabalhador e tradicional que são os neo-venezianos.

    Sucesso ao Portal Nova Veneza!!!

  2. Eduardo boa noite… Obrigado pelas informações. Fui eu Nicola Gava quem escreveu o texto. Mas, ouvi sobre outros casamentos que os convidados pagaram as despesas. Segundo as informaçoes de outros locais. Abraço!

  3. Só uma correção. Faço parte desta congregação judaica que realizou este casamento, e a informação descrita no último parágrafo sobre cada um pagar a sua refeição nas cerimônias esta equivocada. Não existe esta tradição no judaísmo. Isto ocorrou devido à escolha dos noivos e da maioria dos convidados para ajudarmos os noivos em suas despesas com o casamento. Mas não é tradição. Isto pode acontecer em qualquer casamento de qualquer religião, é algo voluntário. Shalom!