E os amigos, qual o espaço deles em nossas vidas?

Por Maria Margarete Olímpio Ugioni

Como é comum em toda e qualquer sociedade, temos vários grupos nos quais somos inseridos voluntariamente ou involuntariamente.

Ao nascer começamos a fazer parte de uma família, depois vem o grupo da creche, escolas, trabalho, igreja, partido político, viagens e mais tarde, pra quem for abençoado, faremos parte de um grupo de aposentados.

Eu, particularmente fui abençoada, tive meu trabalho e ainda com muita vitalidade consegui me aposentar.

Trabalhei durante uns quinze anos com o mesmo grupo de pessoas, num determinado setor, fazendo com que tivéssemos que adotar algumas práticas para manter a união do grupo e o sucesso das tarefas desenvolvidas no setor.

Um costume que tínhamos que dava certo era toda segunda-feira fazer a “lavação de roupa suja”. Era o momento da gente falar o que não estava legal no grupo tanto no aspecto afetivo quanto nas práticas de trabalho. Discutíamos, batíamos “boca” mesmo, não passávamos “pano quente” em nada, era a hora da verdade. Tinha momentos em que ficávamos magoados, chateados, nos achando injustiçados, que não merecíamos tais críticas, etc. Mas não demorava muito, tudo voltava ao normal, porém com mudanças positivas que deixavam nossas práticas de trabalho bem melhores e as amizades cada vez mais consolidadas.

Sinto muita vontade de rir, hoje, quando lembro daqueles momentos.

E é aí que quero chegar, nas amizades consolidadas. Hoje estamos todos aposentados e as amizades ultrapassaram o local de trabalho, mantendo vínculos fortíssimos entre alguns membros do grupo.

Hoje temos o costume de nos reunir de vez em quando para colocar a conversa em dia, falar da nova etapa da vida, comentar sobre a atualidade e desabafar sobre nossos dramas pessoais e familiares.

Por maior e mais unida que seja a família que temos concordam comigo que nem tudo dá pra contar, que as vezes precisamos de conselhos de quem está “de fora”, de alguém que não tenha nenhum envolvimento afetivo, pessoal.

E como faz falta este amigo de verdade em nossas vidas!

O tempo vai passando e temos que nos vigiar para que este momento que estamos vivendo não nos afaste de vez dos amigos. E´ preciso que saibamos dividir nosso tempo entre os diversos afazeres sem esquecer as pessoas que ainda podemos chamar de amigos. São pessoas raras que entram no nosso mundo e que na maioria das vezes trocamos suas companhias pela rotina da vida de aposentado.  Você que é aposentado já percebeu como temos mais atividades de “prestação de serviço” agora?

Você sabe do que estou falando, não são todas mas a maioria das pessoas que param de trabalhar se dedicam quase que exclusivamente para a família e deixam seus amigos de lado. E eles sentem falta! Eu sinto. Não consigo imaginar minha vida sem meu grupo de amigos – este do trabalho – e tantos outros colegas. Sim, colegas temos muitos, mas amigos de verdade, daqueles que estão do nosso lado nos melhores e piores momentos, são poucos.

A família deve estar em primeiro lugar, com certeza, mas vamos dedicar um tempo pra nós, para as nossas relações de amizade, não vamos deixar “as desculpas”, as vezes tão frágeis nos afastar de pessoas que nos fazem bem.

Como diz Milton Nascimento na sua canção “Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”.

Um abraço!

E os amigos, qual o espaço deles em nossas vidas?