Das possibilidades da vida

Chorei ainda ontem,
Pensando na vida!
Na agonia,
Que por vezes me acomete,
E entristece-me,
Como se o amanhã não fosse existir!

Escrevi frases,
Que contavam coisas minhas!
Denunciavam vontades escondidas,
Que com a lágrima,
Foi borrado o papel!

Chorei um pouco mais,
Ao enfrentar o real!
Ao compreender a razão,
E um pouco da frustração,
Que tudo isso perfaz!

O mundo,
A elucubração!
Toda desrazão,
Se faz entre versos,
Entre o real que não se vai!
A imaginação que refaz,
E constrói,
O que tanto se luta para escapar!

O mundo mais uma vez!
As possibilidades,
As escolhas,
E tudo mais,
Que dia a dia,
Constrói tudo que existe!

Um Comentário

  1. Mais ou menos isso?

    O DESPERCEBIDO

    Porto rara flor em mãos chagadas.
    Chacais perdem os dentes, cravados na carne dos meus flancos;
    amasso nos ossos dos pés espinhos impertinentes do caminho;
    trinco espadas que tilintam saudações no meu antebraço;
    digiro minerais de estilhaços ocultos em pães de bondade;
    respiro submerso em pântanos putrefatos de afeto.
    Sigo.
    Bebo as lágrimas das mortes que me perseguem;
    afago bestas revoltas encobertas por formas penitentes;
    desvirtuo os espelhos que teimam em divergir meu poder;
    racho as cruzes que amadurecem a fé dos meus ideais;
    atiço as fogueiras inquisitórias que carbonizam meu conhecimento.
    Luto por manter minhas mãos em conchas,
    observo minha flor, já quase desprotegida:
    O orvalho do tempo se desvai pelas entranhas das pétalas abatidas.
    Essa fragilidade em minha alma,
    que luto por imacular,
    desfalece sob minha guarda.
    Tombo de mãos abertas.
    Prostrada ao chão,
    as formas de minha flor se desmancham,
    apodrecem sob o meu desespero
    e misturam-se à terra temperada pelos meus pedaços,
    pelas carcaças das feras,
    pelos fluidos das bestas,
    pelo lodo que arrasto,
    pelas cinzas da minha mente.
    Rendido me despercebo.
    Sono. Tempo. Ausência.
    Raios de sol me despertam
    e renasço dentre as flores
    semeadas na minha queda.