O que necessitamos? Recursos ou “vergonha na cara”?

Ao visitar a proposta da maioria dos cursos voltados à área de ciências humanas e saúde, é possível perceber que, o objetivo principal da maioria das instituições privadas ou públicas, é o de criarem seres autônomos e críticos acerca de sua realidade. Tendo também como objetivo criarem profissionais, que atuem de forma ética, responsável, critica e que vise o bem estar da população. Percebemos isso claramente no discurso de muitos professores, os quais buscam promover nos alunos a proposta de um ensino crítico e responsável.

Percebemos também, a preocupação de muitas universidades no que diz respeito a criarem, ou mesmo elaborarem novas propostas de trabalho, que sejam responsáveis e pautadas em métodos científicos, dentro dos cursos voltados a saúde, promovendo assim, a melhoria e bem estar da população.

Porém alguns elementos mostram-se interessantes para discussão. A preocupação das muitas universidades em criarem métodos mais humanizados, por vezes acaba sendo confundido com a manutenção de meios sem comprovação cientifica e dos conselhos responsáveis. Vale ressaltar, que quando cito a área da saúde, entende-se ela não apenas pela medicina, mas sim composta também pela nutrição, psicologia, psiquiatria e demais áreas de atuação dos profissionais da saúde.

Porem neste texto, gostaria de explorar um pouco mais desta temática acerca da psicologia. Mostra-se necessário problematizar este assunto, pois atualmente, percebe-se cada vez mais a manutenção de práticas não regulamentadas, que encontram no dia a dia de trabalho força com os profissionais que aderem a ela, desconstruindo então, com toda luta realizada por aqueles que trabalham e utilizam de práticas cientificamente reconhecidas, promovendo assim um trabalho ético e responsável.

Percebe-se com isso um elemento gerador de preocupação. A manutenção das técnicas não regulamentadas, pode corroborar com a atuação inapropriada dos profissionais enquanto prática do dia a dia de trabalho. Atuação esta, que acaba por vezes não resultando em melhorias para o paciente.

Outro fator relevante para discussão, e que é percebido cada vez mais em meio a psicologia, é o equívoco dos profissionais no que diz respeito ao que é ciência, e o que são crenças pessoais ou metafisicas. A cada dia, cresce o número de casos, aos quais profissionais aderem a meios de atendimento e intervenções, que pautam-se em discursos metafísicos, ou perdem-se em questões de ordem religiosa ou moral.

Por outro lado, é visível uma outra problemática, que é geradora de frustração e preocupação tal qual os exemplos citados acima. Tratar dos indivíduos intitulando-os a partir da patologia, sem conseguir desvincular-se de uma visão mecanicista e médica. Perceber e entender, que o sujeito à sua frente, não é apenas uma patologia, mas sim é um ser humano, inserido numa dada realidade social, é de indispensável importância para o andamento do processo de tratamento seja ele terapêutico ou médico. Aqui vale ampliar um pouco nosso campo de percepção, e entender esta consideração a outras áreas de atuação, que não apenas a psicologia. É necessário quebrar, ou mesmo desconstruir a visão do sujeito como doença.

Entendê-lo como um ser social, constituinte de uma família, pertencente a uma atmosfera de mediações e significações únicas deste sujeito, é o primeiro passo para o desenvolvimento de qualquer processo de tratamento. Entender este, como um ser humano, com variáveis únicas, e não apenas como patologia, ou sistema neurológico ou herança hereditária, é um movimento necessário a ser realizado por ambos profissionais da saúde.

Dito tudo isto, algumas perguntas ainda restam. Muito se fala de um ensino rígido, elitizado e fechado, ainda repassado nos dias atuais. Muito se diz sobre as condições dos locais, principalmente aqueles mantidos por meios governamentais. Muitos culpados são encontrados, como meio de justificar a insuficiência de um bom processo de formação, e conduta ética dos profissionais.

Por outro lado, como citado no início desta discussão, temos novas propostas, que mostram-se preocupantes, principalmente no que diz respeito a área da psicologia, por serem elas pautadas em métodos inapropriados para utilização em seres humanos. O que necessitamos então? Será um olhar mais crítico das universidades acerca da formação de seus alunos? Será melhores condições econômicas e maior investimento governamental? Ou o que nos falta, é apenas responsabilidade e ética pessoal para manutenção e desenvolvimento de um trabalho responsável?

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