Nova Veneza e a crise: impactos e expectativas dos setores econômicos para 2016

Comércio e Indústria sofreram mais impactos negativos que a Agricultura e o Turismo em 2015.

Um cenário bastante positivo para o Turismo; afetado mais pelas condições climáticas do que pela movimentação econômica na Agricultura; estagnado para o Comércio, com crescimento em poucos segmentos; e mais negativo na Indústria, principalmente a metal mecânica, com queda considerável na receita.

Este, de forma geral, foi o comportamento dos setores econômicos de Nova Veneza em 2015, o que consequentemente, faz com que as expectativas para 2016 sigam os resultados obtidos no ano anterior.

Para a indústria, o que gera a queda na economia é a crise política

A queda registrada na produção, e por consequência na receita da Indústria em 2015 em relação a 2014, foi de 15% a 20%, segundo média do Sindicato das Indústrias Metal Mecânicas (SIMEC) de Nova Veneza.

De acordo com o presidente do SIMEC, Rogério Mendes, o fator que mais tem atrapalhado a situação econômica é a crise política instalada no Brasil. “Este cenário de corrupção impacta muito na economia, porque gera incertezas, e com isso, as pessoas deixam de investir. É um cenário nebuloso para a indústria, sem perspectiva de luz no fim do túnel”, argumenta.

Já o associado do SIMEC e sócio-diretor da Fundição Mademil, Ney Milanez, acredita que o cenário de 2016 possa ser ainda pior. “Os economistas dizem que a crise se instalará ainda mais por conta de juros, câmbio, e tributação altos. Nossa expectativa é para as duas semanas depois do carnaval, porque se o país não tomar um rumo até o fim de fevereiro, as vendas vão baixar ainda mais, e é possível que depois disso, tenhamos que fazer uma reestruturação interna nas empresas, cortando custos ao máximo, talvez até, com uma série de demissões”, completa.

São, aproximadamente, 1,3 mil colaboradores nas empresas do ramo Metal Mecânico no município, principalmente no distrito de Caravaggio.

Tentativa de recuperação do Comércio começará na inovação de produtos e atendimento

O cenário econômico no Comércio neoveneziano foi bastante estagnado. Segundo informações da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade, foi possível recuperar a queda no faturamento registrada no decorrer de 2015 apenas com as vendas de fim de ano, principalmente no segmento do vestuário, que obteve até mesmo um acréscimo no Natal, de aproximadamente 12%.

As demais áreas permaneceram com números semelhantes a 2014. “No entanto, precisamos que 2016 seja um ano mais próspero, temos que trocar a palavra ‘crise’ por ‘criar’, e inventar maneiras novas de atrair clientes”, afirma o presidente da CDL de Nova Veneza, Valtenir De Mattia.

Com o objetivo de buscar fórmulas para manter novamente o faturamento ou até mesmo para aumentar as vendas durante o ano, a CDL planeja investir em treinamentos, capacitações, novas formas de motivação e novos produtos. “Tudo isso focando na melhor maneira de atender o cliente, porque isso é a peça chave de qualquer comércio”, ressalta o presidente.

Ainda na avaliação da CDL, os setores de alimentação e têxtil têm conseguido se manter estáveis, enquanto os de móveis e eletrodomésticos precisarão diversificar o trabalho para atrair mais a clientela.

Na Agricultura, o que atrapalhou 2015 foram as questões climáticas

No setor agrícola, não foram sentidos reflexos diretos da dita crise econômica, e sim, do próprio clima. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Veneza, Evandro Boaroli, 2015 foi um ano atípico, mas porque caiu muita chuva, por conta do fenômeno chamado El Niño.

Além disso, Boaroli ressalta que os agricultores da cidade estão bem preparados. “Em nosso setor, as dificuldades só virão para quem não se planeja e não tem os pés no chão. Não é a primeira vez que acontece uma crise no Brasil, e o agricultor sabe disso. O que mais nos preocupa, no momento, é que o desenvolvimento do arroz tenha sido atrapalhado pela grande quantidade de chuva dos últimos meses”, garante.

A colheita do arroz já começou e deve ser finalizada até a metade de abril. “Alguns insumos custaram mais caro, mas de forma geral, os preços de venda tem se comportado dentro de uma condição estável. Esperamos que se mantenha no nível para que os agricultores possam sanar os custos e faturar com as plantações”, acrescenta o presidente.

Turismo registra crescimento e expectativas positivas só tendem a aumentar

Na contramão dos demais setores, a Associação Neoveneziana de Turismo (ANET) registrou, em média, 15% de crescimento em 2015, se comparado a 2014. Mais de 200 mil pessoas passaram por Nova Veneza no ano passado, tanto para o turismo religioso, quanto para o de negócios, cultural, industrial, esportivo, rural e ecológico.

Desta forma, o setor não sentiu impactos da crise econômica. “Isso porque as pessoas deixam de viajar para o exterior por conta dos gastos elevados e passam a conhecer os pontos turísticos do estado, como Nova Veneza”, relata a presidente da ANET, Larissa Bortolotto.

Para 2016, a meta é superar este crescimento, bem como segmentar o turismo e profissionalizar cada vez mais o setor. “Permanecemos em uma crescente, e agora com as modificações e melhorias da Praça Humberto Bortoluzzi e em seus entornos, o ambiente ficará mais aconchegante, o que chama a atenção dos turistas, que ultimamente tem procurado locais mais sossegados para passar as férias”, finaliza.

Texto: Francine Ferreira | Fotos: Willians Biehl