Desalinhos de um poeta contundido

Pensei nos últimos dias,

Nas arvores que choram sem saber!

Ou simplesmente por temerem seu breve fim!

 

Pensei nos últimos dias,

Nas razões de meus porquês!

Nos perdões que reservei!

Para desconhecidos sem razão!

Para momentos sem perdão!

 

Pensei nos últimos dias,

Que acabaria por enlouquecer!

Que deixaria de viver!

E eterno escravo me tornaria!

Forjar-me-ei pelo sistema!

Ou morrerei por um emblema!

 

Pensei ainda hoje!

Nos pensamentos que me rodeiam!

Nos sentimentos que me permeiam!

E na vã lucidez, que por vezes sinto me conter!

Não deixar-me desfalecer!

Ou mesmo não chorar!

Por momentos recordar!

 

E pensando, segui!

Na vida desatinado,

Escrevi algumas frases!

Alguns encantos!

Algumas rosas!

E também a solidão!

Minha fiel companheira!

Que deixou-me só!

 

Vozes caladas

Vozes na barriga,

Falam-me poucas palavras,

Deixam-me enlouquecido,

Gritando de dor!

Ou mesmo de rancor!

Pelo ódio, deixar tomar conta de meu ser!

Simples refém!

 

As asas, que brotavam de meus olhos,

Quebraram-se!

E deixaram o menino,

Perdido no concreto!

Vivendo no incerto!

Morrendo como um anormal!

Que já não consegue mais cantar!

Deixar-se livrar!

Das redes da sedução!

Mera convicção!

De alguns poucos!

 

E a voz!

Que da boca não sai,

Leva-me como rapaz!

Para uma estrada de exatidão!

Para um porvir sem ação!

Na busca da utopia realizar!

Ou mesmo…